AINDA QUEREM QUE NÃO FIQUEMOS LOUCOS?
Preso em vertentes
de regras vigentes.
Mutilam-me a liberdade,
massacram minha sensibilidade.
Enquadrado em padrões
desfazem-se minhas ilusões
de uma vida melhor edificar
e meu destino comandar.
Silenciam-me vorazmente!
Um silenciamento demente.
Minha voz de inaudível
passa a ser esquecível.
Preso, gradeado por cadeados
meus dias são roubados,
um por um, sem arrependimento.
Já não sinto nada nem sofrimento.
Aniquilado em meu próprio mundo,
assemelham-me a um vagabundo,
desrespeitado, enxotado, humilhado...
Isso lá é vida para este des-amado?!
Uns me chamam de louco,
Outros me dizem psicótico.
Afinal todos de loucura não têm um pouco?
Eu ao menos não nego. Não pago mico.
Eles, os doutores, se dizem sábios.
Até parece... todos mentem. Sem exceção!
Frente a mim sentem calafrios,
Sou tão poderoso assim para tanta preocupação?
Vejo e ouço que eles ficam agitados,
Procurando maneiras de me controlar.
Tentam, a todo custo, me domesticar,
Mal sabem que sou incontrolável. Coitados!
E ainda se atrevem a dizer que são normais
e eu - que apenas rio disso tudo - que sou louco.
Mas lhes digo: "Comigo não vos preocupais.
Preocupai-vos com vosso desentendimento que não é pouco."
E nesse constante embate razão X loucura,
A primeira no fundo, no fundo sente amargura
por não poder declarar abertamente sua devoção
pela segunda, que da primeira desdenha ao pedir-lhe perdão .