Caos Urbano

 
Corre-corre; de repente, uma queda,
um corpo foi ao chão, o grande tombo.
Pega! Pega! Mil vozes a gritar.
Quem é o culpado, quem é o inocente?
 
Sei lá, por que saber?
As pedras são atiradas por todos lados...
Quem são os perseguidores? E o perseguido?
Para tudo! Estão loucos, não pode parar.
 
Olha o chão! Olha o chão!
Nunca esteve tão próximo.
Ergue um, cai outro. E o vozerio sem parar:
Mata! Mata! Matem alguém!
 
Flores murchas para o corpo em queda.
Quem caiu? Morreu? Ainda está vivo?
É o destino! Não, foi sorte,
quem sabe azar. Façam suas apostas!
 
O fonfonar dos carros, o relinchar dos pneus,
e o alvoroço das ruas querendo as calçadas.
E as calçadas vingativas invadindo as ruas.
Organismos biológicos contra outros, mecânicos.
 
A carne versus a lata.
E o cano disparou...
Bateu o gatilho, rodou o tambor.
A arma, o chumbo. Foge! Foge!
 
De quem? Da polícia ou do bandido?
O ‘pau comeu”! Valentes e covardes,
o soco inglês e o nobre punho em riste.
Soco na cara. Soco no fígado. Nocaute.
 
Bárbaros urbanos. Bandos sem rumo.
Vida fugindo, sangue vertendo.
Chamem a ambulância! O bombeiro.
Acordem um médico. Chamem o Dr Jivago.
 
Ódios contra ódios. Para que idéias?
Braços contra braços. Torcidas organizadas.
O torcedor matou a pancadas o que não torcia.
Chamem os protetores dos assassinos!
 
O Ilustre Doutor de Tal,
doutor diploma a serviço do crime,
iludido, dizendo estar em prol da justiça.
Justiça? Que justiça? Só o honesto é punido...!
 
Sem nexo. Sem sentido. O caos geral.
Frágeis corpos imaginando a eternidade.
Loucas e tolas ilusões. Em liquidação.
Vende-se a esperança. Preços módicos.
Sorteia-se um intestino. Aluga-se um fígado.
 
Risos e choros. Inexplicáveis gargalhadas.
Todos riem e depois copiosamente choram.
A quadrilha de loucos está solta.
Na agressão contínua, a cadeia é o hospício.
 
Chamem mais um Doutor, mais um doutor, senhor!
Caviar e champanhe. Esqueçam a pinga e o feijão.
Peçam por pão e circo.Rezem por uns trocados.
Matem o professor de física. Matem a física!
 
Presas fáceis. Garras afiadas. Olha o bolso!
Segura a carteira. Segura o carro. Segura a casa.
Tudo muda de mãos, a moeda é o trinta e oito.
Tiros a metralhar, inocentes mortos, culpados vivos.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 10/05/2009
Reeditado em 14/06/2009
Código do texto: T1586737
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