CONTRADIÇÕES
Quero ficar omissa,
Calada,
Quietinha,
Sozinha,
No escuro da minha insensatez
Mas,os ecos doloridos
Da violência,
Da fome,
Da miséria,
Da injustiça,
Da corrupção,
Das guerras,
Dos escândalos,
Me fazem
Falar,
Gritar,
Brigar,
Indignar,
Lamentar,
Praguejar,
Me engajar!
Quero ficar surda para o mundo,
Mas,o canto
Do sábia,
Do bem-te-vi,
Do João de barro,
Doa pardais,
Do vento assobiando,
Nas noites de tempestades,
Instigam a minha insensibilidade,
Me despertam,me sacodem e
Me fazem sentir a vida.
Quero fechar os olhos para a vida,
Mas,as cores da natureza
Vêm de encontro às minhas retinas
E não me deixam morrer
De tédio,
De indiferença,
De torpor,
De cegueira,
De medo de ir em frente.
Quero que meu corpo
Chegue à finitude,
Mas, ele pede
O alimento,
A água,
O ar,
O sol,
O toque,
O movimento.
Quero dormir o sono eterno,
Mas,dia após dia acordo e
Vejo o sol,
Majestoso,
Motivados,
Convidativo,
Provocador,
Aquecendo o meu ser.
Quero ficar séria, solitária, mas,
A travessura de uma criança
Me faz gargalhar,
Revisitar a vida,
Pensar que tudo vale a pena
Quando
Somos amados,
Temos amigos,
Temos afeto.
Quero pensar que
O mundo não tenha mais jeito...
Mas me encho de esperança,
Desfraldo a bandeira otimista,
E saio por aí, procurando
A justiça,
A verdade,
O amor,
A prosperidade,
A paz.
Se vou encontrar?
Talvez, dentro de mim mesma!