Memórias de um viciado

De quando em quando busco ajuda

Mas ninguém ouve meus apelos.

Eu vendo balas, chocolates...

E malabares também faço,

Mas para eles sou só um traço

Do que se desenha na sociedade

Sou apenas sombra nessa cidade

De quando em quando.

De quando em quando fico isolado,

E chego a fugir de meus amigos.

O meu relógio de cinco kilates

Renderia-me um almoço farto,

Mas não consigo medir meus atos

E troco por um punhado de felicidade

Que me faz crer que não estou mais isolado

Só de quando em quando.

De quando em quando papai desconfia

E mamãe pergunta de onde vêm os gemidos?

Que algumas vezes ela ouve de tarde e

Se sou eu quem fico chorando no quarto

E se eu me lembro que tenho estado

Tão distante das minhas vontades

Da boa família que me conduzia

De quando em quando.

E eu respondo que já é tarde

Meus braços roxos se atrofiaram

Minha mente encheu-se da agonia

De ter usado o que não devia

O que me levou ao desfecho trágico

De uma morte prematura e fria

Que não cessou à diplomacia

Nem se vendeu à minha riqueza

Que me fez perder a beleza

Da juventude que tive um dia

E logo que daqui eu partir

Haverá outros jovens a meu exemplo

Que morrerão tristes em desalento

Por se entregarem a um punhado de alegria

E por uma triste ironia

Não terão chance de retorno

E encontrarão a dor da morte em torno

Daqueles que os fizera feliz um dia

Mesmo que de quando em quando...

J Neves
Enviado por J Neves em 09/05/2009
Código do texto: T1585130
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