RENITÊNCIA DO REI*
A governar por decreto,
Torna-se o rei renitente
E usurpa o pleito direto,
Tal sói para presidente.
Mas o povo pensa reto:
Quer votar no presidente,
E mais, por voto direto,
De senador a intendente.
Anda o rei já circunspeto,
Ao ver um montão de gente
A exigir pleito direto,
Já e já, pra presidente.
(Abril, 1984)
Fort., 02/05/2009.
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(*) O rei de então era um ditador,
general João Batista Figueiredo,
que, do topo de um cavalo, ainda
imperava, a baixar os fatídicos
decretos, um ano antes da eleição
de Tancredo Neves, por meio da
artimanha do Colégio Eleitoral,
vale dizer, por via indireta, sem a
mão democrática do voto popular.