POEMA A MAIS
A mão que afaga se lança,
se perde em meio a podridão
e comprime o detonador,
dizimando, alastrando o terror.
Os lábios que encobrem o beijo,
que sussurram calidamente vocábulos ternos,
se fecham, ficam cerrados.
Também a paisagem já é diferente,
nada tem de poético,
nada tem de tranqüilo;
tudo se perdeu na incredulidade humana.
O mundo se desfez em injúrias,
apenas restou a consumação.
Então me vejo entre destroços,
em meio a pedaços de tudo,
a traços de nada.
Mas, sou fiel ao veículo que me carrega,
que me transporta através das distâncias;
deito-me nestas páginas e preencho-as
com cânticos ilusórios,
mas que falam, que carregam
toda a virtude de ser,
enquanto a vida se transforma em nada,
na busca total de tudo,
em meio a tamanha destruição,
onde a crença foi abandonada.