ANJINHO NU
Um anjinho nu
Bela em sua nudez pura
Sua palidez crua.
Os olhos perdidos no azul da parede.
Sente garras ferinas
Em sua pele.
Um desejo animal,
Uma força brutal.
É pela sétima ou décima vez?
Ela já não sente a vulva juvenil.
Prefere não pensar no que acontece
Prefere esquecer que fenece.
Seu corpo é brutalmente balançado.
Há algo que não é dela
Mas esta nela,
Como um cancro sangrento.
Um calor infernal.
Um jorro quente
Em seu ventre maternal.
Suspiros e gemidos fingidos.
Os pequeninos olhos se fecham.
E um estranho deita-se ao seu lado.
Um soluço seco, de pureza e nojo,
Preso na garganta.