“Deserto de Concreto”

Moro onde o nada não existe

E o tudo é a centelha de uma quimera,

Onde os sonhos nascem no chão de azeviche

E as flores destilam seus olores em crateras!

Moro sob a lágrima dos inocentes

Cujos devaneios são o mero pó

De falidas estrelas cadentes,

E onde o choro se confunde com o riso

E o risco é o pai da dignidade,

É o riso de um povo sofrido,

Que tem que encarnar São Jorge

Para matar, assim, seu dragão!

Moro num “deserto de concreto”

Onde cada um vive isolado em seu claustro de alçapão,

Que ainda dizer ser seu “lar doce lar”

Seu aconchegante jazigo familiar!

JP 16/04/09