MENINO DE RUA

MENINO DE RUA

Sou alguém que pertuba

A quem está na sua

Por não ter onde ficar

Sou menino de rua

Não tenho pais que me acolham

Nem teto pra me abrigar

Minha casa é a rua

Minha vida é vagar

A família não me quer

Sou boca pra alimentar

Sou criança rebelde

Difícil de educar

Na rua estou

Sem ser por minha vontade

Sou entulho que incomoda

Sou lixo pra sociedade

Se a rua é meu mundo

Pedir tornou-se vício

A ponte meu abrigo

Viver um sacrifício

Quando pais eu tenho

A eles não posso chegar

Por ser algo que atrapalha

É certo me espancar

Se em casa não sou aceito

Na rua sou indigente

Pra muitos sou bandido

Pra outros nem sou gente

Não mereço respeito

Nem tão pouco atenção

Estando morto é bem melhor

Pra não ser amolação

A sociedade me rejeita

O governo pouco faz

Muitos nem me olham

A polícia corre atrás

Ah! Mas sempre tenho

Algo a receber

Se não veja o que digo

Pra cada um entender

De você indiferença

Dos parentes o azedume

Da polícia muita carreira

Do governo o de costume

Se minha situação foi usada

Em proveito de alguém

Não me venha você

Proveito tirar também

Condenação já tem, e muito

A defesa está distante

O que me foi prometido

Não desceu do palanque

Se o viciado é minha companhia

O ladrão meu professor

Amanhã serei punido

E ninguém a meu favor

Quando o frio chega

Seu discurso não me aquece

Quando a fome aperta

Não vou encher-la com prece

Quase nada tem sido feito

Pra resolver a situação

Assim vou continuar

Envergonhando a nação

Não culpe só o governo

Nem a sociedade que aí estar

Juntem-se e façam algo

Estou a esperar

Preciso de educação

Alimentação e abrigo

Oportunidade de trabalho

O resto deixa comigo.

ANTÔNIO RIBEIRO
Enviado por ANTÔNIO RIBEIRO em 29/04/2009
Reeditado em 08/11/2009
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