Rosto faminto
O crânio quase rompe a testa,
os olhos fundos se escondem,
as olheiras parecem maquiadas,
as bochechas são afundadas.
As covas de canto de boca
parecem ser rugas arranhadas
e de tão gigantescas e exageradas
vão facilmente duma orelha a outra.
As orelhas são caídas
mais parecem ser brincos sustentados,
mas são entradas e saídas
de promessas de pão não cumpridas.
Os dentes oscilam em presença,
há um sim e outro não,
mas dão uma risada de conformação
que de escancarada vê-se a fundo.
Os olhos, tão profundos,
são pedintes d’algo que vá à boca.
Boca quase imperceptível,
e de alimentos oca.
Os cabelos quebradiços
simulam um estilo de corte desleixado
e escondem o estado, maltratado,
de um rosto faminto.