Rosto faminto

O crânio quase rompe a testa,

os olhos fundos se escondem,

as olheiras parecem maquiadas,

as bochechas são afundadas.

As covas de canto de boca

parecem ser rugas arranhadas

e de tão gigantescas e exageradas

vão facilmente duma orelha a outra.

As orelhas são caídas

mais parecem ser brincos sustentados,

mas são entradas e saídas

de promessas de pão não cumpridas.

Os dentes oscilam em presença,

há um sim e outro não,

mas dão uma risada de conformação

que de escancarada vê-se a fundo.

Os olhos, tão profundos,

são pedintes d’algo que vá à boca.

Boca quase imperceptível,

e de alimentos oca.

Os cabelos quebradiços

simulam um estilo de corte desleixado

e escondem o estado, maltratado,

de um rosto faminto.

Camila Trideli
Enviado por Camila Trideli em 29/04/2009
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