CANTO DE GUERRA E PAZ
Passei a vida toda cantando um canto macio.
Cantei o amor e a flor, cantei a serra e os rios.
Um dia abri os olhos e vi os males da terra,
Deixei de cantar a paz, meu canto agora é guerra.
Minha guerra há de ser feita no campo dos pensamentos,
Meu verso com rimas simples é meu único armamento.
Com objetivo diferente das guerras que o mundo faz
Sem vencedor ou vencido, mas todos vivendo em paz.
Vou denunciar a miséria que o povo está sofrendo
Sem trabalho e com fome, sem esperança vivendo,
As cidades com pedintes, famintos, desesperados,
Em busca de alimentos como cães abandonados.
As crianças juntando coisas nas lixeiras das cidades,
Deviam estar brincando com outra de sua idade.
É um exército precoce de soldados de vida vã,
Sem dignidade e esperança, que adultos amanhã?
A violência é um dragão cada vez mais violento,
A polícia desequipada é São Jorge sonolento.
Vidas vão sendo ceifadas na cidade e no morro,
As casas gradeadas com gente pedindo socorro.
As vozes que elegemos pra defender nossas vontades
São omissas, são levianas, repletas de vaidades,
Não representam o povo, têm chefes mandando em si.
São potros encabrestados por donos que nunca vi.
Que minha luta desperte o senso de igualdade
Mudando o estabelecido no campo e na cidade,
O oprimido conseguindo aquilo que sempre quis,
O opressor entendendo que a opressão é maldade,
Que ser feliz é o destino de toda a humanidade.