Bar Felicidade
Andando, correndo,
Pela areia, junto do mar,
Fui parar sem perceber
Num lugar,
Que se chama Felicidade,
Algo que sempre quis encontrar,
Porém até então nunca encontrei.
Esse lugar era um lugar comum,
Não sabia se estava realizado, ou decepcionado,
É que sempre achei que a felicidade fosse algo extraordinário,
Quando na verdade esta estava quase que ao meu lado.
O que faço agora que encontrei a felicidade?
Tomo uma água de coco,
Fico a escutar músicas de amor.
Sinto um cheiro desagradável,
Que já me fora louvável.
Vejo um maluco empolgado,
Que estende a mão para um desconhecido
E é rejeitado.
Hippies em uma mesa,
Protestando silenciosamente,
Gastando seu dinheiro com álcool.
Se embriagando!
Querendo dizer que o dinheiro é uma droga,
E com ele estão se acabando.
Uma mulher solitária
Fumando um cigarro que se apaga,
Ela sem o-perceber o-traga,
Acena para ninguém,
Volta a olhar para nada.
Homens jogando bola,
Por mera distração,
Um deles sem querer caí no chão,
Todos o-ignoram, não foi falta.
Casais fazem caminhada,
Vão seguindo cansados pela calçada,
Num silêncio absoluto,
Uma quietude involuntária.
Vendedores ambulantes de todas as espécies,
Mulheres, homens, moleques,
Andando sob o sol forte,
Ignorando a desgraça que os-acometem.
Do outro lado da avenida,
Um imenso prédio,
Num dos apartamentos,
Um casal trocando carícias,
Cheios de uma voluptuosa preguiça,
Deitados em uma rede,
Ambos se sentindo no topo da vida.
Chamo o garçom,
Pago-lhe o coco que consumi,
Confesso que não estou entristecido,
Porém também não estou feliz,
Me despeço desse lugar chamado Felicidade,
Que não passa de um quiosque de praia,
Onde pude ver desgraças e dádivas.
As ondas do mar me atraem,
Vou dar um mergulho,
Sentir a brisa,
Quem sabe também esquecer de tudo,
Ser negligente só por um segundo,
Conquistar uma felicidade fugaz,
Como aquela que vi nos olhos daquele vagabundo,
Que apesar de ter tido o seu cumprimento rejeitado,
Sorriu verdadeiramente,
Como se fosse o legitimo dono do mundo.
Itaci Silva Camelo