CENAS DE RUA
Na rua deserta sob a velha marquise
Um mendigo se deita sobre algum papelão...
E com um saco de entulho nas costas, Beatriz
Vendo o outro mendigo, oferece-lhe pão...
Não havia mais nada na rua deserta,
E o frio castigando quem mora na rua...
Beatriz carregava no saco a coberta,
E a cama em que o homem deitava era sua...
Beatriz, na verdade, parecia estar nua
De tão feia a roupa que o rasgado lhe faz...
E os dois têm por lâmpada ao no céu, uma lua.
Com o frio Beatriz se abraça ainda mais
Ao outro mendigo. E o olhar insinua
De quem passa e não sabe que o mendigo é seu pai.