Alguns Versos ao Dinheiro

Ó criatura verde e execrável,

Quem foi o infeliz que te criou?

Quem foi o criminoso que te promulgou?

Ó papel perigoso e detestável!

Quisera eu retornar à Idade Média,

Quando de fato não tinhas valor algum,

A moeda romana dissipou-se, tornou-se incomum,

Usava-se apenas a troca de produtos como regra.

Um saco de feijão era trocado por uma ovelha,

Dois sacos de batatas eram trocados por um bezerro,

Era assim que um agricultor negociava com um carpinteiro,

E moedas de ouro não eram palavras ouvidas por qualquer orelha.

Mas então, infelizmente, surgiu a famosa burguesia,

Promoveu a restauração do comércio ao redor dos castelos,

Promoveu as conquistas marítimas por todo o mundo,

E acabou com o universo feudal e sua antiga hierarquia.

Os burguêses não sabiam onde estavam se metendo,

Pois ao recriarem o dinheiro, recriaram um objeto de maldade,

Que seduz os homens, seja um idoso ou um representante da mocidade,

E as suas reservas de ouro, descontroladamente, continuaram crescendo.

Booomm!!! A Revolução Industrial deixou o dinheiro mais verde,

Surgiram o patrão, o salário e o impotente proletário,

Surgiram as fábricas de pratos, de sapatos e de vestuários,

A ganância financeira matou milhares de pessoas,

Nos insalubres trabalhos e nas guerras à partir desse periodo.

Portanto, ó ser que não podemos fugir, ó repugnante ser de papel,

És motivo de discórdia entre os homens e de todo o tipo de violência,

És exemplar propagador da fome, da sede, da miséria e da demência,

És de fato a principal razão de existirem numerosos soldados num quartel.

Ó criatura poderosa e tenebrosa, de onde viestes?

Certamente do Céu, local de bondade, é que não foi,

Contemplas os amargos frutos que no teu ventre trouxestes!

Acabastes com as nossas virtudes e com a nossa inocência,

E sujastes com sucesso a nossa preciosa transparência.

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Fábio Pacheco
Enviado por Fábio Pacheco em 13/05/2006
Reeditado em 14/05/2006
Código do texto: T155502