DA JANELA

Da janela do meu apartamento,

vejo o cemitério.

Todos os dias à tarde,

presencio enterros.

Minha amada chega

e traz o jornal do dia.

Beijo sua boca

e tiro a remela dos olhos.

Da janela do meu apartamento,

vejo o movimento.

Todos os dias à tarde,

presencio

atropelamentos.

Fujo pela porta, desço o elevador,

levo meu amor

a um novo patamar

de dor e sofrimento.

Morro de saudades

do que, um dia, fui

e me deito no colchão,

pensando no dia

em que estarei

do outro lado da rua.