Mulher Perdida.

A cidade era amarela.

Meu amor desceu ate morrer outonos.

E tu com um filho entregue ao inferno

dizias:

Me infernizava a vida

por causa de

aqueles outros que a guerra nos ganharam

ninguém de ti vai lembrar-se

só algum louco te escreverá esquecidos poemas

e nem tão sequer dará um soneto

foste obriga a ser a filha da puta,

tua mãe comia os olhos de aqueles

que seu ventre, pelas noites, invadiam.

Não renunciou

ao igual que cidade amarela

não renuncia, porque não existem.

Nem existem folhas amarelas no outono,

nem existem filhos que tanto doam,

nem o louco escreve este poema da merda

tão só as ondas batendo contra a capela

a brêtema no inverno.

O inverno que deve ser imenso para

para poder suportar que apagamos a essência

para poder aceitar que afogamos a única existência

na puta da tua mãe

obrigada a regalar todo seu corpo doente

pelos assassinos que governaram

pelas armas, as almas no muro.