Nossa Vida Pobresita
Nossa Vida Pobresita
Nossa vida é só agrura,
fome, pranto, desventura,
solidão, insensatez...
A injustiça predomina!...
Trabalhador se destina
sofrer sempre, toda vez!
Espera o lucro - não vem!...
Se espreme dentro do trem,
em qualquer u'a condução.
O seu siso não é equânime;
vive punge, pusilânime,
esperando solução...
A pantera que dá o bote,
além disso - passa trote:
Lobo em pele de cordeiro.
O pai tão desesperado
só sente dor de finado
todo dia e o ano inteiro.
Não há pra quem recorrer!...
Pobre merece sofrer!...
O plebe não tem valor!
Egoísmo - que é colosso
afunda o pobre no poço
pr' ele ser mais sofredor.
Chora e grita herói do lar,
foge pra qualquer lugar
ou fique aqui pra morrer;
pois cada pranto sofrido
de seu filho tão querido
é u'a facada em seu ser.
A Vida não vale nada
nesta efêmera jornada
de grande tribulação.
E a cada amor que é perdido
é pedaço falecido
do antigo bom coração.
A astúcia má vem mais cedo
rígida como penedo,
fria tal como é o gelo.
E a sã Bondade - de espanto
- do peito sai pelo canto
e o homem tem pesadelo.
Não vê bondade em mais nada;
só tem espinho na estrada;
só tem defeitos - nem um bem!
O rico que é cauculista
põe desculpa à sua lista
de modo egoísta, além.
Chora rola no telhado,
enquanto o gélido orvalho
vai molhando os matagais...
Pra felicidade? Um passo.
O pobre - manco - é fracasso
e perneja atrás da Paz.
11/12/2008 6h37