O valor de um poeta em quadrão
Todo início tem começo...
Todo objeto seu preço...
Todo inteiro tem três terço...
Na hora da divisão...
Conto com satisfação...
Pois aprendi calcular...
É difícil me enganar...
Nos oitos pés de quadrão.
É complicado rimar...
Sem deixar o pé quebrar...
Prá rima valorizar...
Precisa ter atenção...
Amarrar a entonação...
Carece de ter cuidado...
E o verso valorizado...
Nos oitos pés de quadrão.
Tem o poeta cansado...
De muito ter trabalhado...
Mesmo desvalorizado...
Canta com exultação...
Observa-se sua paixão...
Na hora de versejar...
Trova sem pestanejar...
Nos oitos pés de quadrão.
O juiz prá ajuizar...
O médico prá medicar...
O arquiteto arquitetar...
Recebem um dinheirão...
O poeta a canção...
Prá terminar de gravar...
Arrisca nem embolsar...
Nos oitos pés de quadrão.
Prá o escritor trabalhar...
Escrever para ganhar...
O pão prá casa levar...
E botar na refeição...
Tem muita decepção...
Na hora de receber...
Apesar de merecer...
Nos oitos pés de quadrão.
Arimatéia Macêdo – www.arimateia.com