Ultimamente eu ando com fome
Ultimamente eu ando com fome...
E uma sede que água nenhuma basta
Tenho ficado longe da tevê e perto dos livros
E sinto que esta fome aumenta, mas não passa.
Chove lá fora e eu sinto um calor em demasia
O sol a pino e um frio profundo me acompanha
A solidão é minha confidente e companhia
Nessa busca entre vales e montanhas
Não quero o calor de uma lâmpada incandescente
Eu prefiro a brisa da noite e a luz da lua
Sonhar com o brilho da estrela mais reluzente
Clareando todas as mentes, a minha e a sua
Para essa realidade nua e crua, doce e amarga
Longe das desilusões e ilusões de uma maquiagem fina
Eu quero um novo pensar, com gosto de manga madura
Adoçando o nós, superando o eu, mas ainda não termina
O valor é o “ser maior”, a quantidade não importa
Se a porta fecha a gente abre, se a porta abre a gente entra
Inventa, reinventa e faz valer os caminhos em estradas tortas
Construir pontes e romper barreiras são conquistas lentas
Continuar enquanto houver fome de tudo que queremos
E querer para todos um pouco de fome também
A fome que alerta e que apressa para que mudemos,
A condição de conformismo que não alimenta ninguém.