Vós sois, nós somos
Vós sois, nós somos
Seus atrozes se uma figa!
Pisam sempre na formiga...
Que esperneia sempre mansa,
mas vitória nunca alcança.
Vós desfrutais do dinheiro,
nós vivemos num purgueiro.
Vós sois grandes assassinos
com sorrisos de meninos.
Vós sois medíocres, covardes
que injustiçam sem alardes.
Os seus ritos são funestos,
mentirosos são seus gestos.
Nós somos sua captura
que para vós dão ventura.
Nosso choro nada vale,
mas querem que ele se cale.
Nunca!... Nunca!... Nunca!... Nunca!...
Quereremos espelunca!
Mas o prêmio da senhora
um de vós já o empenhora.
Ela clama sem demora
para a lei que não vigora.
Vós sois astutos, malígnos
e do poder não são dígnos.
O papai que passa fome
tem vergonha até do nome.
O seu filho quer comida...
No mercado está retida.
Papai fica muito sôfrego
pelas ruas anda trôpego.
E, vós com cara lavada
debocham com gargalhada.
Viajando de avião
pr' outro mundo, outra nação.
A punge do pai a alma vara
Vós... sem vergonha na cara.
Cem pra vós é muito pouco!
Sem, papai já fica louco!
A criança chora tanto...
A senhora grita em pranto...
Já não temos esperança
no sorriso da criança.
Adolescente imaturo
olha, mas não vê futuro.
A mãe desorientada
chora em toda madrugada.
E todo trabalhador
muito almeja ter valor.
Porque triste é seu suor
em ver seu pobre glamour.
Agora, diga pra o povo
que fará algo de novo.
Duvido que ele acredita
mesmo que muito repita!
E o seu filho é homem preso
pra continuar ileso.
Nós vivemos numa guerra
e muita vida se encerra.
Outros ficam enclausurados,
furiosos, isolados...
Pelo corpo na gaveta
culpada é sua caneta!
Vosso filho que voar
sobre o mundo sem sangrar.
Tudo, tudo está errado
e nada é imaginado.
Vossa auréola brilha tanto
que só ofusca o nosso pranto.
E vós continuais cegos,
estoldos por seus vis egos.
Nunca que o sonho da Paz
vai pra frente e não pra trás!
Pois nos prendem em cadeias
que sangram as verdes veias.
Há quem grite e que esperneie,
há quem ame e quem odeie...
Velhos vivem vulneráveis...
Viajando, vão voláteis!
Sabedoria jogada
lá no canto de uma estrada.
Tudo... num vil nervosismo
que até causa cataclismo.
Segue a vida... a vida segue,
onde ir ninguém consegue.
Pois vós sois alienados
dos humildes desprezados.
Seus filhos encarcerados
só lucram dos machucados.
E todo o resto do povo
só vive o desgosto novo.
09/11/08 12h25