O agreste pede socorro

O chão rachado e seco

Ervas daninha não há reza

O verde o artista esqueceu

No quadro que a chuva despreza

A enxada que quebra no esforço

De cavar um buraco na terra

Não há visão de esperança

Mas o sertanejo acende a vela

No ato de alucinações e loucura

Sopra a poeira no fundo do tacho

Come palma e embebeda-se em lágrimas

De sobremesa come um pouco de barro

A paisagem aterradora fala

Urinem em mim quem sabe desabafa

Cem graus Celsius não há vida

Eu suplico por um cuspe ou uma baba

Mas se os rios que me refrescavam

Hoje poças de lama ou nem isso

Era uma fartura de peixes

Assemelhando-se ao grande Nilo

São apenas recordações,

Que saudade desse tempo,

O qual tudo dava nessa terra

E quem arava os grãos era o vento

Com o destino marcado na cruz

Hoje o que nasce é pé de gente

Criança se mistura a ossada de boi

E já nasce como indigente

Seres humanos morrem de fome

Almas ferventes padecem de sede

Ninguém sabe, ninguém viu

É o anonimato do verme procede

Mas se acalmem!, estou escutando algo

É o barulho que move a esperança!

que mudará o futuro do sertão

E quebra o silêncio a urna eletrônica.

Igor Cruz
Enviado por Igor Cruz em 11/04/2009
Reeditado em 03/05/2009
Código do texto: T1534442
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.