O Negro

Negro?

Negro não é gente,

Assim pensavam

Os senhores de engenho.

Negro?

Negro não é raça,

Assim diziam

Os senhores feudais.

Negro?

Negro é escravo,

Põe no trabalho

Amarrado para não fugir.

Mas não era assim,

Negro queria progredir,

Queria ser livre

Para livre crescer

E parar de correr,

Das caçadas brutais

Numa época

Que não tinha hospitais.

O negro era esfolado todinho

Com chicotadas,

Amarrado no pelourinho.

O remédio era caseiro

E o sofrimento o tempo inteiro.

Era sal no lombo

E chá de sabugueiro.

Negro trabalha

E não atrapalha

Negro apanha

E não faz manha.

Negro sofre

Negro morre

Na mão do joão,

Do joão sem dó

Que aperta o nó.

Do joão sem compaixão

Que trata-lhe como se fosse cão.

Negro trabalhou

Negro capoeira dançou

Negro se preparou

Negro lutou

Até que a Lei do Ventre Livre

Declarou...

Deus não tem cor meu Senhor!

A Lei Áurea chegou

E a Abolição da Escravatura tornou

Estava tudo escrito no papel

Graças a Deus

E a Princesa Isabel.

A partir daí,

Aquilo que muitos

Não queriam enxergar

Viram,

O negro cultura

Festa

Culinária

Canção

Alegria.

Negro só tem uma cor,

O branco tem diversas,

Ele fica amarelo

Vermelho

Roxo...

E o Negro que é chamado

De homem de cor?

Por favor?

Negro é raça sim,

É raça negra

É magia

Seja noite ou seja dia.

Vamos acordar João...

O negro é varonil

Somos todos irmãos,

A lei Afonso Arinos

Proíbe a discriminação

Racial no Brasil.