REFÚGIO DO OPERÁRIO
Eu careta, me embriago
Com meu olhar de operário
Família pobre e o salário
To pego quando mau pago
Mixaria não afaga, afoga
E o goró só relaxa é relaxo
Eu sou daqueles que marcha
Como o patrão voga
Necessidade pela vaga eu acho
E chapo quando careta
Explorado pelo picareta
Que rege minha saga
Surtando eu lucido
Machuco as mãos no maquinário
O que me fere mesmo é o salário
Dói no coração sofrido
E no trabalho eu capricho
Mesmo suave fico louco
Também é pouco
Os do capacho, o bicho
De cara limpa me drogo
O trabalho é uma adaga
Me fere me estraga
Não tem como não ficar de fogo
O companheiro flagra
A neurose o bafo o gole
De geração a geração a prole
A cata de pouca paga
No trampo aos trapos reflito
O patrão genial
Fatura todo o capital
Que eu capto
O patrão e sua família farta
Sorri gasta, os cãos
O que ganhou com minhas mãos
Nossa mão-de-obra barata
Ai sóbrio fico ébrio
-as maquinas paremos!
-greve faremos!
Mais minha boca nem se abre
Vou seguindo essa saga
Feliz com a sobra
Então ébrio fico sóbrio
a falta de informação me embriaga