REFÚGIO DO OPERÁRIO

Eu careta, me embriago

Com meu olhar de operário

Família pobre e o salário

To pego quando mau pago

Mixaria não afaga, afoga

E o goró só relaxa é relaxo

Eu sou daqueles que marcha

Como o patrão voga

Necessidade pela vaga eu acho

E chapo quando careta

Explorado pelo picareta

Que rege minha saga

Surtando eu lucido

Machuco as mãos no maquinário

O que me fere mesmo é o salário

Dói no coração sofrido

E no trabalho eu capricho

Mesmo suave fico louco

Também é pouco

Os do capacho, o bicho

De cara limpa me drogo

O trabalho é uma adaga

Me fere me estraga

Não tem como não ficar de fogo

O companheiro flagra

A neurose o bafo o gole

De geração a geração a prole

A cata de pouca paga

No trampo aos trapos reflito

O patrão genial

Fatura todo o capital

Que eu capto

O patrão e sua família farta

Sorri gasta, os cãos

O que ganhou com minhas mãos

Nossa mão-de-obra barata

Ai sóbrio fico ébrio

-as maquinas paremos!

-greve faremos!

Mais minha boca nem se abre

Vou seguindo essa saga

Feliz com a sobra

Então ébrio fico sóbrio

a falta de informação me embriaga

akins kinte
Enviado por akins kinte em 07/04/2009
Reeditado em 07/10/2009
Código do texto: T1526453