Tua medida, Senhor, Teu sinal
Senhor, dá-nos Tua medida.
Ensina-nos quanto devemos poupar,
Quanto podemos gastar.
Mostra-nos, para sermos sensatos,
Quanto podemos tirar
Da Mãe-Terra,
Das águas, do ar;
Quanto fogo usar nas caldeiras,
Quanto, Senhor, sem abusar.
Dá-nos saber quanto
Olhar-se no espelho,
Ficar na academia,
No bar, na loja, no estudo,
No lazer, na oração, no templo,
Na conversa, no trabalho.
Há, entre nós, Senhor,
Os viciados, os desordenados
E transtornados os há.
Há os que pouco vivem,
Tanto poupam e temem,
Que ficam aquém do limiar;
Há os que esbanjam,
Consomem, se esbaldam
E são infelizes
No conforto e riqueza,
Na fraqueza e frouxidão
De suas paixões e delírios.
Dize-nos, Senhor,
Em Tua Palavra, no nosso interior,
Estas coisas, pois
Poucos de nós sabemos até onde ir sem avançar
Com exagero ou ficar no recuo.
Ó, dá-nos, Senhor,
Medidas, balanças, termômetros;
Melhor: regula, dentro de nós,
O senso do equilíbrio,
O sinal da temperança.
Mas, sobretudo,
Tem paciência conosco
E ensina-nos a lidar
Com nossos medos,
Frustrações, angústias,
Aflições, ansiedades;
Tem compaixão
Dos de baixa auto-estima
Que se fazem arrogantes, soberbos
Ou vestem couraças outras,
Máscaras fixas, coladas,
Que já esqueceram quem são.
Nessas e noutras misérias
Estão as raízes dos atuais males,
Ensinam os doutos especialistas;
Mas às vezes são eles mesmos
Também acometidos dessas
E doutras danações.
Só Tu, dos médicos o Senhor,
Em Tua infinda Sabedoria,
Podes curar, neste mundo abestalhado,
Os seus abobados viventes,
Vítimas e algozes
Em seus tropeços e armadilhas,
Em seus claudicantes e obstinados,
Amalucados e entristecidos
Modos de viver.
Vem e fica entre nós,
Senhor, até o Final,
O qual também nos assusta
Quando deveria acalmar,
Se, em nossa vindoura Morada,
Seremos plenos, saciados, apaziguados,
No Prometido Reino do Pai.