Veja pelas ruas...
Vagueiam como ébrios traquinas
Pelas praças, avenidas e esquinas
Inocentes criaturas pequeninas
Por todos e quaisquer cantos
Perdidos pelas estradas e ao relento
Voam como pássaros ao vento
Ora ágeis e briguentos... Ora lentos
Num olhar profundo, mas já sem cor
No sorriso esmaecido de menino
Pelas ruas eles andam maltrapilhos
Vagueiam sem destino os pobrezinhos
De coração rachado... Coitadinhos
Barriga vazia e vestes encardidas
Cheirando cola e pedindo esmola
Sem esperança pela vida que os assola
Eles andam pelas ruas sem abrigo
De alma sofrida procuram amigos
De pés descalços escorrem feridas
Sorrisos abafados e pele encardida
Sentimentos doloridos às escondidas
Olhos molhados e roupa encharcada
Olhar ora brilhante, noutro penetrante
Continuam a vida e a lida humilhante
Não sabem porque vagueiam adiante
Com a alma partida e suplicante
Saindo de loucas batalhas extasiantes
Parecem uns heróis calados e anônimos
Penso que ali pode estar o Menino Jesus
Pedindo ao mundo só uma atenção
Ou quem sabe um carinho e proteção
Os meninos que aqui agora estão
Em Portugal, Índia, Brasil, Afeganistão
Pedem a você, a mim, a paz ao mundo
Numa só tradução feita nesta oração.
Dueto: Catarina Camacho & Hildebrando Menezes