Rótulos
Rotulam meus passos,
Como os rótulos de tubos de pasta de dente,
Rotulam-se tudo e todos.
Os vivos e os mortos.
As cores são rotuladas,
Os gestos e as palavras.
Perdem-se os valores, pois tudo é rotulado.
O negro tem seu valor conforme esta descrita no seu rotulo.
Assim é o amarelo, o vermelho.
Temos termos,
Bons e maus,
Sérios e irônicos,
Apáticos e tônicos.
Rotularam nossas fantasias,
Eros, pornô,
Sensual e animal.
Rotularam meus versos.
São poemas?
Poesias?
Ou apenas ironias?
Será o que rotular,
Conforme a necessidade almejar,
Rotularam as verdades,
Rotularam as pesquisas,
Os saberes, os dizeres.
Rotularam minha vida,
Dizendo que ela era inútil,
Perde-se essência, quando se rotula.
Perde o sabor,
Se não degustamos por completo,
O rotulo tem a tendência de nos afastarmos do profundo
Mas como hoje tudo é rotulo:
Rotulem-me.