VAGABUNDOS

O ônibus lotado... caio morto em suor pingando!

Parado na parada parado...

Engarrafamento!

Um vagabundo num pilar encostado fuma um cigarro...

...Covarde!

Num calor que não queria, ardo!

O vagabundo tem o frio e esquenta o pulmão

Com a fumaça mórbida!

Enquanto isso o ônibus a vinte quilômetros apenas...

Estradas, buracos, tráfego intrafegável... tragável!

Meu suor fedorento pinga... pinga...

E os vagabundos que deveriam estar em câmaras e sessões

Estão de fronte ao mar, com o vento na cara,

A brisa na careca e esquentando o pulmão

Com charuto cubano... aliviando a goela co uísque escocês!

Enquanto isso, o terno e a gravata mofam no guarda-roupas!

Que bom correr em vinte quilômetros por hora...

...Dá tempo de escrever um poema!

Se correr, paro rápido na parada que devo...

Desço, tropeço, perco o pensamento

E não xingo vagabundos!