IRREVERSIBILIDADE

Aí, a chuva caiu...

E molhou o que havia de molhar

O que era seco e o que não era

E lavou o que havia de lavar

O que era sujo e o que não era

E arrastou o que havia de arrastar

O que era sólido e o que não era

E a casa ruiu

No morro e na cidade

E o chão se abriu

No barro e no asfalto

E o corpo imergiu

No barraco e na mansão

E houve os que choraram

Os que com lágrimas e os que não

E houve os que rezaram

Os que com fé e os que não

E houve os que não se importaram

Os que com indiferença e os que não

E a noite encerrou o dia

Arrastando a tragédia

E o sol raiou novamente

Arrastando o cotidiano

E o jornal exibiu a manchete

Arrastando a tiragem.

E o vendedor de guarda-chuvas conferiu sua féria.

Jose Raymundo Xavier
Enviado por Jose Raymundo Xavier em 12/03/2009
Código do texto: T1483703
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