O andarilho
Sou um pobre vagabundo
Me chamam de andarilho
Sei que sou cria do mundo
Mas não sei de quem sou filho.
Apenas o silêncio habita em mim
Não sei dizer onde estou
Por não saber de onde vim
Nunca sei pra onde vou.
Moro no sem fim da estrada
Durmos as margens dos rios
Não tenho nome, nem morada
Por amigos, tenho os cães vadios.
Tenho fome, mas me falta comida
Sinto frio e não tenho cobertor
Sou a criança nas esquinas da vida
Mendigando um pedacinho de amor.
Sou assim, meio demonio, meio Cristo
Alguém que chora, sonha e sente
Para as autoridades eu não existo
Mas sou um ser comum chamado, gente.
Contra o mundo na verdade não me queixo
E dessa tal sociedade eu sou o atraso
Mas ela não vê que só existo pelo seu desleixo
E que sou fruto do seu próprio descaso.