Olho do limão!

Sou um escritor do 3º milênio.

O poeta novo...

Sem ninguém pra me ouvir.

Sem povo.

Tenho o olho de águia,

A luz do sol,

O breu da solidão...

A lágrima das estrelas.

Como o olho da rua,

Noto o ar cinzento do céu,

do mar, da noite nua...

Desvairada, perdida.

Perdeu-se a poesia.

Rasgaram a lição...

Há muita disritmia;

Epidemia.

O mundo queima

A teia da aranha.

Sou o poeta sem pena,

A reza sem novena,

o redator sem jornal.

Mas, esqueceu-se a fresta...

É trapo, é luxo, é miséria mental.

O piloto está sem passageiro,

A horta sem chuveiro,

O coração sem sentimento,

A cabeça sem travesseiro.

Não sou mudo, surdo, cego.

Sou o escritor, o pensador;

O criador mudo que vê...

Sou o espinho dessa dor.

É o que me resta.

Cadê você meu irmão?

Não sou o apagão!

Tentar me anular,

Nem pensar...

Sou o olho do limão.