Xenofobia

Transpira em cada poro

da terra nova

O suor gelado dos patrícios

N´uma janela lá atrás

ficou aberta uma fina fenda

de eternas saudades

Todos partiram no calor

Que é estação comum da guerra

Abandonaram suas artes

E até seus velhos ofícios

Para voar em céu desbotado

sob nuvens encobertas

Carregando pesadas malas

Cheias de dificuldades

Nas angústias do circo vivo

Encerrava-se um novo mundo

de renovados sacrifícios

Verdades e mentiras encobertas

Cada imigrante saindo à caça

De uma escassa igualdade

O ódio tem seu próprio nome

É a carcaça da xenofobia

Que em cada fúria aberra

Para eles que são sombras

de estranhos ocultos

no pó dos tantos orifícios

Que a cidade encerra

... ou enterra ...

No concreto dos desiguais

Onde reina um roxo silêncio

Mas que vez por outra

Quando do intervalo da loucura

ouve-se a voz de um grilo

Que em seu próprio idioma

Entoa uma canção de alerta

Clamando para que não ocorra

Mais uma barbaridade