Socorro!!!
Socorro! Brada o povo do morro.
Mas, de onde virá o socorro?!
Um diz: não sei se fico ou se corro.
O outro: não sei se vivo ou se morro.
Socorro! Brada o povo do asfalto.
Virá o socorro antes do assalto?!
Um diz: astral pra baixo; mãos pro alto!
O outro: nem bandido pode andar incauto.
Socorro! Murmura o povo do poder.
Juram que o socorro não pára de socorrer! (?)
Um diz: não podemos nos render.
O outro: esta guerra, nós vamos vencer.
Socorro! Brada o povo comandado.
Virá socorro para o desempregado?!
Um diz: bem faria, se não tivesse votado.
O outro: bem faria, se tivesse me matado!
Socorro! Entoa todo o povo brasileiro!
Mas, e o socorro? Trancou-se no banheiro?!
Um diz: ele só ouve a voz do dinheiro.
O outro: resta-nos rezar ao padroeiro!
(Sérgio Silva, in Vim, Vi e Escrevi, 2006)