MODELO MANEQUIM

MODELO MANEQUIM

No vai e vem de tanta gente;

Dentre tantas pessoas que passam na rua;

Passa pela minha cabeça a pergunta que se faz urgente;

Pra onde vai todo mundo quando brilha a lua?

São transeuntes que caminham;

No ir e vir sem fim;

É final de tarde, sexta feira, seus destinos não adivinham;

Sou um observador exposto na vitrine,

Me chamam de modelo manequim.

Corre, corre, lá vem o rapa;

Grita o ambulante precavido;

A moçoila na marquise da sacada não escapa;

Do sacode e do açoite do poder todo destemido.

A moça que espera o namorado;

O ébrio que se embebedou pela vida;

Caminham pelo tempo mal acabado;

Lembrando as cenas de suas sinas esquecidas.

Sou observado pela intrépida caminhante;

Que me ver como espelho, como se vida eu tivesse;

Qual o meu preço que ofereço comerciante?

Me vendo que sou vendido o produto que sou...

A lei da procura se estabelece.

Mas quando chegar a hora de se fecharem as portas;

O que importa o quanto eu custei;

Amanhã é outro dia que se lapidem as línguas tortas;

E me perdoem aqueles que por mim passaram e mal observei.

Depois das sete a cidade é morta;

Nem se tenta setenta vezes sete vezes perdoar;

Praquele que ousou mostrar o modelo, o fio da navalha corta;

As aparas das virtudes que ainda não sei praticar.

Porém sei que os meus defeitos são efeitos;

De um tempo ido sem fim;

Quero voltar a vitrine, pois sei que me dou respeito;

Vivendo, vendo e revendo sem a inércia do manequim.

PEDRO FERREIRA SANTOS (PETRUS)

27/02/2009