SARAJEVO
Amigos da guerra
Amigos da esperança
Andam lado a lado em Sarajevo
Os sinos dobram
Como notas na carteira num cassino em Lãs Vegas
Os sinos dobram
Pelas pessoas sem nomes que caem mortas no chão
Os sinos dobram
Para que os vivos se abriguem nos porões destroçados
Os sinos dobram
Para que os vivos não morram sem nome
Todo mundo choraria pelo Papa
Mas ninguém choraria por quem não tem nome
O franco atirador vive pelo fogo de uma arma
Vive para matar os órfãos em Sarajevo
Órfãos que não podem acreditar no futuro
Órfãos que vêem no presente a morte e a guerra
Órfãos que viram seus pais perderem o sopro da vida
Órfãos que viram suas mães como escudo
Mães que foram objetos para saciar o prazer
Um dia passou como tantos outros passaram
A noite chegou como tantas outras chegaram
Tão violenta quanto o dia é a noite em Sarajevo
Agora mais do que nunca não existem amigos
Agora mais do que nunca não existem esperanças
Agora só existe a fuga
Fugir do franco atirador que mata crianças órfãs em Sarajevo
Fugir da guerra que inunda com cheiro de morte Sarajevo
Fugir e sobreviver
Porque ninguém chora pelas crianças que morrem sem nome.