O Pequeno Gigante das Ruas

Pelas ruas da cidade se espalha a solidão,

com um saco plástico se amarra o atado.

Dos sonhos perdidos na porta da ilusão,

da vida massacrada ao silêncio do Estado.

A lata amassada, a esmola e toda confusão,

aos poucos tudo vai se tornando normal.

A alma se torna réu da falta de solução

e o que pode ser errado se torna o ideal.

Eles foram abandonados pela oportunidade

e arremessados a miséria que já se firmou.

Eles foram esquecidos por toda sociedade

e ainda são cobrados por quem os roubou.

Na televisão escorre aclamações por justiça,

fácil, quando não se está na pele dos catadores;

Que dignamente lutam pra atenuar a sua vida

enquanto as histórias correm pelos corredores.

Não que seja certo nem que seja o errado,

esse caso acontece somente pelo descaso.

O desespero se torna a cultura e o achado

que fora arquitetado pela falta de espaço.

Agora, nossos filhos catam na nossa rua,

aqueles que dos sonhos se depredou;

E pelas sombras nossos filhos vão à luta

quando o mundo todo já os abandonou.

Tarcisio Bispo de Araujo
Enviado por Tarcisio Bispo de Araujo em 25/02/2009
Reeditado em 27/10/2019
Código do texto: T1456817
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