O Pequeno Gigante das Ruas
Pelas ruas da cidade se espalha a solidão,
com um saco plástico se amarra o atado.
Dos sonhos perdidos na porta da ilusão,
da vida massacrada ao silêncio do Estado.
A lata amassada, a esmola e toda confusão,
aos poucos tudo vai se tornando normal.
A alma se torna réu da falta de solução
e o que pode ser errado se torna o ideal.
Eles foram abandonados pela oportunidade
e arremessados a miséria que já se firmou.
Eles foram esquecidos por toda sociedade
e ainda são cobrados por quem os roubou.
Na televisão escorre aclamações por justiça,
fácil, quando não se está na pele dos catadores;
Que dignamente lutam pra atenuar a sua vida
enquanto as histórias correm pelos corredores.
Não que seja certo nem que seja o errado,
esse caso acontece somente pelo descaso.
O desespero se torna a cultura e o achado
que fora arquitetado pela falta de espaço.
Agora, nossos filhos catam na nossa rua,
aqueles que dos sonhos se depredou;
E pelas sombras nossos filhos vão à luta
quando o mundo todo já os abandonou.