Retratos
Pensei que fosse melhor nem lutar
Cruzar os braços
Apagar os traços
Discriminar
Achei que neste peito varonil
Nada mais cabia
Mas não dá pra calar a alma
Assustada a cada dia
Abra os olhos
Esquinas
Viadutos
Escancarado: BRASIL DE LUTO!
Luto, eu, pra não perder a esperança
Dignidade ao avô
Moradia para o pai
Um sonho de criança
Colorir as almas (quem dera?)
Com as cores do arco-íris
Retocando a aquarela
Mas as cores não vão à mesa
Arroz, feijão
Rara beleza
É imbecil viver com fome
Pois nem o que se colhe a gente come
Não consigo acreditar
Tantas terras se perdendo
Até quando irei dizendo
Quero um chão pra eu plantar
Tantas terras se perdendo
Latifúndios só crescendo
E o meu barraco prestes a desmoronar