Tragédia anunciada

Percorria a noite como um morcego

O corpo, como sempre, eletrizado

Escravizado no seu próprio medo

Pelas circunstâncias da vida rotulado

Era como uma tragédia anunciada

De invisibilidade desprezível

Incômoda opressão, vida malograda

Combalido, penitenciado, imperceptível

O corpo, pelo vício, canibalizado

Agora na mira de seus inimigos

Mãe-sofrimento, pai resignado

Madrugada ruge em estampidos

O dia amanheceu ensolarado

Seu corpo adentrava floresta escura

Foi-se, como se nunca tivera chegado

Abreviado pelo crack, ainda sem cura...

José Salvador
Enviado por José Salvador em 23/02/2009
Reeditado em 24/07/2009
Código do texto: T1454408