ÓPIO DOS ESQUECIDOS
 
 
 
A cidade borbulha num crepitar
de passos apressados, olhares
atentos, e sobremodo, um baralhar
de veículos vindos de algures.
 
Indiferentes a tudo, corpos embrulhados
em papeis e tecidos finos, repousam
esquecidos em frente portas e muros,
adormecidos pelo ópio que os desnudam.
 
Os veículos passam: aturdidos
pelas cenas, infelizes e tristes,
baixam seus faróis lacrimejantes.
 
As pessoas passam: velozes caminhantes
em busca de seus ideais inconstantes,
sem se importar com os vivos esquecidos.
Irineu Baroni
Enviado por Irineu Baroni em 21/02/2009
Reeditado em 22/05/2010
Código do texto: T1450654
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