Sob a linha do equador
Há um sol abrasador
Que nem tudo ilumina
Sob a linha do equador
Há uma vertente de amor
Que começa e não termina
Sobre o solo seco, desolador
Correm rios de sangue e dor
Que ainda selam nossa sina
Sob a linha do equador
As injustiças e seu clamor
Fazem a terra pequenina
Sob a linha do equador
O desencanto nos endurece
E pouco nos ensina
Nestas terras sem alma, sem cor
Sonhos de fraternidade e amor
São castelos em ruína
Sob a linha do equador
Voa o garboso condor
Sobre as almas campesinas
Na aridez dos campos de mágoas
Os que se proclamam salvador
São na verdade, aves de rapina!
Neste universo desafiador
A realidade é um retrato incolor
Que em mim se descortina
Nos veios de indiferença e rancor
Desabrochou-me este estranho amor
Por ti, pobre América Latina!