Sob a linha do equador                    
Há um sol abrasador                        
Que nem tudo ilumina                        
 
Sob a linha do equador
Há uma vertente de amor
Que começa e não termina
 
Sobre o solo seco, desolador                                          
Correm rios de sangue e dor                      
Que ainda selam nossa sina                
 
Sob a linha do equador  
As injustiças e seu clamor
Fazem a terra pequenina
 
Sob a linha do equador
O desencanto nos endurece
E pouco nos ensina
 
Nestas terras sem alma, sem cor
Sonhos de fraternidade e amor
São castelos em ruína 
 
Sob a linha do equador
Voa o garboso condor
Sobre as almas campesinas

Na aridez dos campos de mágoas
Os que se proclamam salvador
São na verdade, aves de rapina!

Neste universo desafiador
A realidade é um retrato incolor
Que em mim se descortina
 
Nos veios de indiferença e rancor
Desabrochou-me este estranho amor
Por ti, pobre América Latina!     

             

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 19/02/2009
Reeditado em 08/09/2020
Código do texto: T1447170
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