Barbárie das Desigualdades
Simplicidade e silêncio adquiridos
Num trabalho profundo de reflexão
Neste canto de um mundo esquecido
Que pouco se dá de valor ao coração
Donde toda verdade explode na cara
Como estilhaços de uma granada
Em sua mais dura e cruel realidade
Onde o ser humano vive a catar lixo
A dureza da vida vertendo do olhar
Duma mãe que nada tem senão o amor,
Seus cuidados para diminuir o horror
Labuta noite e dia para conseguir
Um pouco de pão, água e o duro chão
Para dividir com os seus filhos na dor
E às vezes me pergunto quem é o criador
Desse estado de coisas tão destruidor?
Essa descriminação entre raças e cor,
Produto do ódio e de tanto desamor
Onde o santo branco é coroado rei
E o preto excomungado pela lei
Sim a cegueira está bem às nossas vistas
Nesta burocracia do nosso dia à dia
Onde o produto principal é a economia
E o homem relegado a um segundo plano
Esse preconceito entre dois mundos,
Entre a pobreza e a monóloga riqueza,
Exércitos de seguranças nos cinturões
A protegerem-se dos outros nas incertezas
Enquanto o rico falece na santa droga
O pobre padece nessa eterna fome
São mundos paralelos e semelhantes
Que mostram a nossa desfaçatez
Dura realidade a nos confrontar
Um desafio aos poetas a declamar
Nesta bendita batalha das igualdades
Para vencer a nossa própria insanidade
Que diz ter mérito no que faz e no dever
Mas que não resiste a análise se você a fizer
Enquanto nada mais é que força de baixo poder
De refinada e sutil, perversa e íntima corrupção
Que alimenta e sustenta a crueldade na ação
E depois temos essa luta da sociedade e nação
Que diz querer mudar essa atrocidade!
Com a falácia que demonstra só falsidade
Com toda a nossa sinceridade, neste recreio
Quem sempre esteve certo foi Che: O Guerreiro!
Aqui?! Estamos mais perdidos que cego em tiroteio!
Dueto: Salomé & Hilde
Nota: Inspirado em ‘Desigualdades’ da poetisa Salomé publicado em
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/1418148