SOCIEDADE CEGA

Criança abandonada

Estigma das autoridades

Habitante das calçadas

Luta ferrada, no dia-a-dia da sobrevida.

Desacariciada e ferida

Lançada ao infortúnio

Qual desastroso temporal

Semblante feroz jovial

Ser humano brutal.

Descrente, na solidão

Afeita à gíria e a agressão

Palavrório de baixo calão.

Constantes isolamentos

Fugas e internamentos

Separados e no meio o rebento

Forjado ao eterno relento

Contornando o “ego”, a violência.

Vida de insatisfações

Perigosas precipitações

De ambições não conquistadas

Transformações complexadas

Confusões interiorizadas.

Experiência insuficiente

Carrega imagens distorcidas

Cheias de impressões doídas

Tropeçando no primeiro obstáculo.

Criança marginalizada

Despejada nas ruas e praças

Tributo ao aperfeiçoamento

Da profissão vadiagem

“fora-da-lei” pelas margens

burilando um brutamontes

amansando o mundo-cão

vivendo como excremento

vai empunhando a patente

enquanto a Sociedade Cega

parece mais reluzente.

Zecar
Enviado por Zecar em 01/05/2005
Código do texto: T14180