DESABAFO
Um mundo louco e funesto
Este que se demonstra à janela
A mão que brinca, mata
A mãe que chora, fere
A dor em pirilampos
Pipocas de chumbo quente
Não há inocentes nem culpados
Há apenas, sem mentes,
dementes, dormentes, dormindo
Mundo embebido em breu
Verdes cédulas quentes
Frias intenções urgentes
Felicidade em caríssimos frascos
Fumaça de enxofre envolvente
Meninas em exposição
Com bonecas nas mãos
Sorrisos de velhas ardentes
Mundo de comiseração
Quem pede ouvidos, se cala
Quem cala, consente
Cegueira em semáforos
Fogueira indigente
Índio também queima como gente?
Mundo em decomposição
Genética efervescente
Orelha em lombo de rato
E rato comendo gente
E o mundo louco e funesto
Amanhece indiferente
Como se o dia fosse novela
Imperdível capitulo
“Depois das nove se abraça e se beija,
Antes nem pensar”
Cabe salientar, e alertar
Que este mundo ai, a nossa frente
Hoje pode deitar tranqüilo
Amanhã quem sabe
Nem desperte.