O Índio Galdino e a Imagem de Aço

Ainda dorme no mesmo lugar o Índio Galdino, cruelmente assassinado, para a diversão e o prazer de um playboy desocupado. Restou ali, sua imagem de aço; monumento à impunidade ou à covardia humana, destinado a justificar, de alguma forma, a indiferença das autoridades à indignação indígena e dos homens de bem;

O assassino não está preso, nem mesmo em sua consciência, não sofreu nenhum tipo de punição, e vive bem; guiado pelas velas do esquecimento e amparado pela carteira paterna, tornou-se funcionário público por um concurso de cartas marcadas. Homem lícito, cumprindo o seu papel social;

Mas a imagem de aço, repousa enferrujada; - Há se pudéssemos remove-la! - Quem dera apagar o passado, sepultar o índio já sepultado, encerrar de vez esta triste página da história em um arquivo deletado;

Aquela imagem enferrujada é como uma comida mal digerida, que arrotamos toda hora, relembrando á todos que a vêem que ali morreu um índio e que seu assassino se deu muito bem, que talvez... eu possa matar também;

E foi assim, que mais dois mendigos foram assassinados no mesmo lugar. Não sei se construirão imagens de aço para os homenagear também.

Tenho medo que as imagens aço tomem conta de toda cidade, como tomou a imagem de impunidade.

Dom Luizito

Goiânia - GO, 28/01/2009

Dom Luizito
Enviado por Dom Luizito em 28/01/2009
Reeditado em 16/04/2009
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