UM BRASIL DESIGUAL

Eu já falei de um pardal

que eu chamei de Nicolau,

que morreu no meu quintal

logo após um temporal.

Se hoje falo Nicolau

não me refiro ao pardal

mas, sim, daquele Lalau

que era do tribunal.

Se rima preciso ter

para falar da vilania

é o meu modo de ver

este homem sem valia.

Valendo-se do aparato

que lhe fora concedido,

roubou bem mais do que rato

e fingiu-se ofendido.

Para fazer um tribunal

roubava como queria,

pensando na impunidade

que a lei lhe conferia.

E assim ele seguiu,

roubou de todas as maneiras

e até que conseguiu

ter sócios na bandalheira.

Juiz que era de fato,

era também de direito.

Ele só foi descoberto

pelo genro insatisfeito.

E o prédio ficou parado

pela falta de dinheiro

que já fora desviado,

levado pro estrangeiro.

Ainda existem outros ratos

usando nomes diversos.

Enquanto uns deixam rastros

outros estão no congresso.

Este não é o Brasil

com que um dia sonhei.

A lei continua senil

pra todo fora da lei.

05/01/06-VEM

Vanderleis Maia
Enviado por Vanderleis Maia em 17/04/2006
Reeditado em 07/03/2009
Código do texto: T140696