poema para: menino da rua

aglomerado em meio a multidão

desmontado os pedaços amontoados

um braço na sarjeta

um pé no vagão

a boca e o coração no chão

ainda batendo

resmungando algumas palavras incompreensíveis

pedia água

pedaço de pão

dá uma moeda tia, eu num vou mentir

vou cheirar cola mesmo

é a única coisa que espanta o frio que faz aqui

dentro da minha cabeça

meu cérebro morreu

faleceram minhas vontades de ser normal

passo o dia na rua

fumando maconha

cigarro

cheirando cola

comendo veado

atrás de um estrago

por meio maço

chorando escondido

com medo da vida

essa já não domino

minhas vontades e necessidades

vencem a consciência

o desperdiço me alimenta

me ignore até cuidar seu carro

sou invisível

em meio a sujeira da babilônia

puxe assunto

seja agradável

me dê um trocado

tenho que me manter drogado

acordado estarei fadado

a morte

fracassado

meu destino

foi é ser derrotado...

Marco Cardoso
Enviado por Marco Cardoso em 17/04/2006
Código do texto: T140409