O MENINO
Notei que tinha talento
quando tirava da caixinha
cento e uma bolinhas
que, de todas as cores,
num belo movimento
voavam leves ao vento.
Sem nenhuma alegria,
olhando-me com desalento,
a admitir o porvir turbulento,
ele se aproximou e me falou:
- Tia, me dá um real?
Doeu-me a dor do menino.
Doeu a minha impotência,
para alterar aquele fato,
o fardo/o fado/o errado.
Por um momento,
pensei em adotá-lo
(o menino do farol),
mas e todos os demais?
Ele sorriu sem agradecer
e saiu sem nada mais dizer.
Mas suas bolinhas coloridas,
tão mágicas... tão atrevidas,
talvez até desafiando o céu
(feito um debochado véu)
encobriam irreverentemente o sol
e me apresentavam a Vida...
Silvia Regina Costa Lima
23 de janeiro de 2009