A GUERRA SOU EU
Lá fora o mundo está em guerra e aqui convém nos resolvermos
Para entretermos o resto de prudência com o essencial já esquecido
Sentir orgulho do ego ferido, amar a posse do nada termos
O bem que falamos de fato vivermos, rever o valor que jaz perdido!
A guerra pelo mundo não passa de um reflexo dos meus confrontos
Os bombardeios são meus desencontros, de instinto e sentido armados
Todos somos culpados, pagamos a menos e pedimos descontos
Humanos que não estão prontos - vorazes monstros civilizados!
A guerra é bem aqui, onde nasce a ambição mais arbitrária
Toda vertente contrária não vai subsistir se pretender nos resistir
Na igreja choremos, no dinheiro vamos sorrir - segue a tropa canalha
Dona da vida a que nem valha, cega para com o destino a lhe punir!
Eu choro as crianças sofridas, eu sinto a dor dos civis desesperados
Agonizo com os refugiados, sofro pelo sangue inocente que morreu
Quem plantou ou mereceu, são lágrimas relativas de opostos lados
Não há inimigos e nem aliados - a guerra sou eu!
"Ao se fecharem os portões atômicos do descaráter, todos os campos minados serão frondosos jardins" (Reinaldo Ribeiro)