REVOLTA POR UM JULGAMENTO
( a um ladrão que é
e foi tão vítima
quanto a sua vítima)
Corre! Corre! Pega! Pega!
Fugindo por entre os carros,
Veículos de indiferença,atônito, Ele se entrega
E é surrado pela crença de homens de barro
Que se acham juízes, e ainda insatisfeitos,
Distribuíram socos de ignorância,
Pancadas e pontapés de preconceito...
E Ele ali, abandonado,caído,batido no chão da intolerância
Finalmente,como um golpe de misericórdia
De quem "nunca" teve pecados, atiraram-no
Uma única e última pedra,símbolo da discórdia.
Foi aí que os sons da cidade emanaram
Ainda mais fortes, confundindo-se com o vazio
Do silêncio, porque o silêncio era o desvairio
Único que Ele dizia...Adormeceu então tendo como esquife
Uma cama de sangue que as pedras inundara no solo do Recife.
Suas humildes vestes eram de um humilde ladrão pobre,
E "incompetente".
Pois se lhe favorecesse a "competência" de
[um nobre
Ao invés de roupas esfarrapas,
ele usaria terno e gravata
[ e sem lamento
Habitaria palácios,congressos e comeria Pizza
[no final do julgamento.
Corre!Corre! Pega!Pega!