A B O R T O ! ? ...
Porque me falastes?
Acusaste-me,
grávida eu estou
e não quero
que meu lindo corpo
se transforme
em nome de um simples amor!
pois feia, eu vou ficar,
e como poderei minhas belas roupas
neste manequim colocar?
Ainda mais, assim,
como poderei com minhas amigas,
pelas ruas de Torres passear?
Não, não quero,
é melhor abortar,
depois, quando mais velha,
que ninguém mais me desejar
outro filho poderei lhe dar.
Seu desejo, meu desespero,
como lhe convencer, que ele,
é a maior benção de Deus,
e mais tarde, por castigo
não poderás engravidar...
Então, solitária e humilhada,
lágrimas amargas derramarás
porque eu, neste dia,
ao seu lado não vou estar,
e a mãe, que hoje, não queres ser,
pelo criador, nunca mais
seja lhe dada a oportunidade.
Findarás os dias tristonha,
chorando pelo filho que matastes
apenas, por querer
viver as suas futilidades.
Sofrerás terríveis tormentos,
lembrando do feto, vivo, em seu ventre
do filho querido que assassinastes,
implorarás a todas as santidades,
pedindo perdão pelo seu pecado.
Definharás lentamente, lembrando,
como foi inútil e tola a sua vaidade.
Em um lampejo, lembrarás de mim,
no pai, que não me deixaste ser,
enlouquecerás, angustiada,
gritando aos céus, que agora,
você queria ser, mais uma mãe,
pelo Senhor abençoada.
Pare, ainda há tempo.