NO CAIR DAS FOLHAS
Eu posso até tremer,
mas, eu não temo o frio.
Eu sou filho de junho,
e por isso nas estrelas
de um céu infinito eu posso ver:
Que renascem os sonhos num tempo de paz.
Que recriam as fantasias, asas a imaginação.
Que relêem os escritos em defesa do pão.
Eu posso até me queixar,
mas, eu não temo o frio.
Eu sou filho do outono,
e nas folhas caídas
eu posso lembrar:
Um amor eterno-retorno que não se satisfaz e vai.
Um carinho na alma que embala os sonhos e não trai.
Um abraço fraterno aos viventes… motiva a paz.
Eu posso até querer outra estação,
mas, enquanto houver luz… eu serei os muitos,
a me fazer mutirão, a trazer a idéia,
reconquista das trincheiras perdidas… e porque:
Anunciam quarteladas, sirenes e gritos nas praças.
Desviam a réstia que pela porta, soçobra.
Impedem um caminho de consciência e partilha.
Serei mais que um. E se tiver caminho, seguirei.
A pedir conselhos, esmolas nas ruas.
Eu sou filho do vento, do outono e do frio,
e por calafrio algum… entregarei minha’lma.
(*) Publicada na Antologia poética "Encontros de primavera" - 2007